
Preste atenção no seguinte diálogo adaptado de uma conversa que tive com uma amiga sobre escrita (adaptado para não correr o risco de perder a amizade):
– Como anda a escrita, Fulana? Ainda escrevendo muito?
– Nada! Fiquei um bom tempo parada, mas agora retomei. Retomei meio a contragosto, pois sei que vou odiar o que estou escrevendo assim como odeio tudo que já escrevi. Será que esse sentimento nunca muda?
Odiar a sua própria escrita pode ser sinal de humildade, sinal de reconhecimento de que você não produziu (ainda) algo digno de ser chamado de arte. Se o escritor não tiver esse sentimento, ainda que mínimo, fico preocupado, pois é sinal de que o orgulho o domina.
Pode perguntar a qualquer escritor – hoje as redes sociais facilitam bastante esse tipo de contato –, pergunte a qualquer um se ele ama sempre o que escreve.
Muito provavelmente a resposta será um sonoro “NÃO”!
Quando você se propõe a escrever, você deve estar consciente de que produzirá muita porcaria antes de produzir algo efetivamente bom. E não há nada de errado nisso.
E se, nesse processo, você tiver não só a clareza de perceber “bem, o que eu escrevo agora não está tão bom”, mas também a resiliência para persistir, tenha certeza que uma hora ou outra sairá algo de bom do seu trabalho.
Muitas pessoas nunca passam dessa fase porque levam o nível de autocrítica tão ao extremo que simplesmente desistem de escrever.
Escrever é uma habilidade como outra qualquer, assim como escalar uma montanha, por exemplo. Quanto mais você escrever, quanto mais você praticar, mais aumentará seu nível de proficiência nesse trabalho artístico. É possível chegar ao topo.

Alguns de nós levam mais tempo para desenvolver nossas habilidades, já que podemos não ter tempo consistente, focado ou de qualidade para praticar. Aliás, oficinas e cursos de escrita criativa são ótimos espaços para isso, você tem um tempo exclusivamente dedicado para produzir suas porcarias e, eventualmente, algo de bom!
Entenda: na escrita, assim como na vida, cada um tem seu ritmo, seu tempo.
Mas, infelizmente, diante do monstro da autocrítica, muitos escritores se perguntam se vale a pena continuar.
Essa luta é uma constante na vida de quem se propõe a produzir arte, sinal de que você provavelmente está no caminho certo. Mas a maioria das pessoas desiste, sem perceber que quase todo escritor que fez um excelente trabalho passou por uma fase de anos trabalhando, retrabalhando e insistindo com seus textos, passando pela porcaria total até o trabalho de excelência e, quem sabe, trabalho premiado.
O mais importante é você perceber que, hoje, certamente você é melhor que ontem e que, amanhã, você será muito melhor que hoje! Essa fase de produzir só porcaria é temporária, acredite: você melhorará com o tempo.
Isso não quer dizer que você deixará de ser crítico em relação ao seu trabalho. Grandes escritores sempre serão críticos do próprio trabalho porque buscam a excelência.
Mas isso, certamente, não é motivo para desistir. Boas leituras, bons estudos e sucesso para você.
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